[lang_pt]Jornalista experiente – com passagem por empresas como Globo, SBT, RBS e Estadão – Flávio Porcello é o coordenador da Rede de Pesquisa em Telejornalismo da SBPJor, que congrega 12 pesquisadores do Brasil e de Portugal. Doutor em Comunicação pela PUC-RS, o professor da UFRGS analisa, desde 2005, a influência política da televisão no Brasil. Nesta entrevista, ele fala das atividades do Grupo que coordena, dos resultados alcançados e da importância desta iniciativa. Além de Porcello, a Rede é formada pelos seguintes pesquisadores: Alfredo Vizeu (UFPE), Aline Grego (Unicap), Beatriz Becker (UFRJ), Célia Ladeira Mota (UNB),Cristina Musse (UFJF), Fabiana Piccinin (Unisc), Iluska Coutinho (UFJF),João Carlos Correia (UBI-Portugal), Maria Cleidejane (UMESP), Sean Hagen (UFRGS), Yvana Fechine (UFPE). SBPJor Notícias – Quando e por que surgiu a idéia de fazer esta rede ? Quais eram (são) os objetivos de vocês? Flávio Porcello – O grupo vem se organizando desde as primeiras edições da SBPJor, mas no congresso de Florianópolis (2005) decidimos publicar o primeiro livro, que saiu no encontro de Porto Alegre (2006). Como uma das propostas do encontro de Porto Alegre era a constituição de redes de pesquisa, aceitamos o desafio e formamos a nossa. O livro lançado agora em 2008 era uma das nossas metas assumidas em Porto Alegre consolidadas o ano passado, em Aracaju. SN – A rede é uma das mais produtivas da SBPJor, com dois livros coletivos lançados – Telejornalismo: a nova praça pública (2006) e Sociedade do Telejornalismo(2008). Que dificuldades vocês enfrentaram ou enfrentam para consolidá-la ? Quais são os maiores desafios do grupo? FP – Um dos nossos compromissos é o de publicarmos ao menos um livro por ano como forma de compartilharmos a pesquisa acadêmica e darmos visibilidade à produção intelectual. E os próximos já estão vindo por aí. O Vizeu e a Yvana articularam um contato com a Editora Vozes que, a partir de 2009, pretende publicar uma série sobre telejornalismo. Os integrantes da nossa rede, individualmente ou reunidos em grupo por afinidade de temas, querem publicar livros temáticos sobre telejornalismo pela Vozes. A maior dificuldade que ainda encontramos é a distância, pois somos professores de diversas universidades brasileiras, de norte a sul do país, mais uma universidade portuguesa e fica difícil fazermos reuniões freqüentes. Nos encontros da SBPJor nossas discussões são sempre produtivas e animadoras. Mas ainda é insuficiente. Precisamos de mais contatos além dos que fazemos regularmente pela rede. Devemos nos encontrar mais, talvez marcando encontros pontuais em cidades do centro do país. Mas quem sabe essa nossa dificuldade originada pela distância geográfica não seja um desafio para nossa rede de pesquisa estudar melhor? SN – Além dos livros, que frutos a Rede já proporcionou a seus membros e instituições envolvidas? Que balanço você faz dos resultados obtidos até aqui? FP – Esse é um dos pontos que mais tem merecido nossa atenção. Nosso grupo cresceu e o interesse pela pesquisa também. O saldo mais positivo é que trocamos opiniões e idéias e sempre estamos avançando. Por exemplo, duas colegas do exterior, Lila Luchessi (da Univ. de Buenos Aires, Argentina) e Celeste Bustamante (da Univ. do Arizona, Estados Unidos), entre outros pesquisadores que também pesquisam telejornalismo, participam ativamente das nossas discussões e temos trocado informações muito relevantes. Aponto como saldo principal até agora o mútuo compartilhamento de informações e avanços na pesquisa acadêmica. SN – Muitas pessoas querem montar redes de pesquisa, mas não sabem como começar ou mesmo como mantê-la funcionando, já que os seus membros são de instituições diferentes e distantes umas das outras. Que conselhos você considera essenciais? O que aprenderam com esta experiência? FP – Daria como exemplo o amadurecimento das nossas discussões. O Alfredo Vizeu (UFPE) [um dos idealizadores da rede] sempre foi muito agregador. Nosso grupo caracteriza-se, acima de tudo, pela maneira respeitosa e afetiva como nos tratamos. Nós sabemos que o meio acadêmico é um terreno difícil, onde muitas vezes as vaidades impedem o entendimento. Nós colocamos o interesse comum acima dos interesses pessoais e não temos nenhum caso de desentendimento por vaidade ou estrelismo. Trabalhamos juntos na busca do interesse comum que é o avanço da pesquisa acadêmica na nossa área. Todos nós viemos de emissoras de TV (um meio de egos fulgurantes) onde atuamos como produtores, repórteres, editores, apresentadores e chefes de telejornalismo. Todos aprendemos muito em TV. Esse é um grande diferencial: com humildade e muita disposição para o trabalho, procuramos juntar teoria à prática. SN – Os membros da rede são, em sua maioria, pesquisadores experientes. Hoje, acredita que rede e pesquisa sejam palavras indissociáveis? Por quê? FP – Sim, rede e pesquisa são indissociáveis. Não há futuro para pesquisa isolada, distanciada pelo individualismo. O que considero mais fundamental em nossa rede é que todos trouxemos uma bagagem profissional em redes de TV que nos servem de credencial para avançarmos em nossas pesquisas acadêmicas. E o que nos move é a vontade de estudar, cada vez mais a fundo, o telejornalismo e a sua influência na vida, no cotidiano das pessoas. SN – Quais são as metas de vocês para 2008? FP – Nossa rede tem como meta em 2008 aprofundar nossos estudos e pesquisas na área do telejornalismo. Como já somos 12 pesquisadores (outros ainda poderão entrar) e os temas são muito variados, a tendência é dividirmos nossa ação em grupos de pesquisa afinados por temas. Queremos pesquisar por assuntos dentro da área de abrangência de nossa rede, conseguindo assim aproximar pesquisas afins e aprofundar nossos estudos[/lang_pt]
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