NOTA DE REPÚDIO
Genocídio e violência contra a imprensa em Gaza
A Associação Brasileira de Pesquisadores em Jornalismo (SBPJor) acompanha, com indignação e pesar, o aumento contínuo do número de jornalistas mortos durante a cobertura do conflito na Faixa de Gaza. No último domingo (10/08), mais seis jornalistas que atuavam na região foram mortos em ataques israelenses. A repulsa se agrava diante do fato de que o próprio governo de Israel reivindicou os assassinatos, alegando, sem apresentar provas, que os profissionais fariam parte de uma célula do Hamas. O fato é que cinco deles eram funcionários da rede de TV Al Jazeera, reconhecida internacionalmente pela sua atuação jornalística.
A justificativa para os crimes não apenas afronta o Direito Internacional Humanitário, como também escancara a violência contra quem se dedica a transmitir ao mundo a realidade de uma população refém de um contexto desumano e genocida. Segundo a organização internacional Repórteres Sem Fronteiras (RSF), até julho de 2025, mais de 200 jornalistas e trabalhadores de mídia foram mortos desde a escalada do conflito em outubro de 2023. Para a RSF, esse já é um dos conflitos mais letais para o jornalismo em décadas.
A SBPJor repudia de forma veemente o silenciamento imposto pela morte deliberada de jornalistas no exercício da profissão e chama a atenção pelo fato de que, diante de estatísticas tão alarmantes, as reações internacionais sigam restritas a discursos e declarações protocolares. Os números, frios e crescentes, escondem dramas humanos de profissionais que, mesmo sob ataques incessantes, arriscaram suas vidas para registrar a realidade de uma população submetida a violações reiteradas dos direitos humanos. É inaceitável que a proteção de jornalistas, muitas vezes a única ponte entre a tragédia local e a opinião pública internacional, seja tratada como retórica sem consequências.
Em memória de todos os jornalistas assassinados no exercício da profissão em Gaza, fazemos um apelo urgente para que sejam conduzidas investigações independentes e imparciais sobre cada morte, com a devida responsabilização dos autores. É fundamental que sejam adotadas garantias imediatas de segurança para a atuação dos jornalistas e que a comunidade internacional intensifique a pressão diplomática, aplicando sanções efetivas contra agentes e Estados que descumpram reiteradamente o Direito Internacional Humanitário.
A morte de cada jornalista é um golpe contra a liberdade de imprensa e contra o direito da sociedade de se manter informada. É inadmissível que os jornalistas continuem sendo alvos e vítimas de violência ao cumprir o dever essencial de informar a sociedade.
11/08/2025
Associação Brasileira de Pesquisadores em Jornalismo (SBPJor)