Entrevista – Carlos Franciscato

[lang_pt]Jornalista formado pela Universidade Federal de Santa Maria e com vários anos de experiência na imprensa gaúcha e de Santa Catarina, Carlos Franciscato é professor da Universidade Federal de Sergipe desde 1994. Mestre e Doutor em Comunicação pela Universidade Federal da Bahia, fez estudos com Daniel Hallin na Universidade da Califórnia, em San Diego. Nesta entrevista, Franciscato, candidato a presidente da SBPJor , fala dos projetos e das metas da chapa Diálogo. SBPJor Notícias – A Chapa Diálogo apresenta uma nominata que inclui nomes muito experientes nos conselhos, pesquisadores que participaram das diretorias anteriores e uma diretoria executiva composta de colegas mais jovens. Pode-se afirmar que uma nova geração, que desde a fundação da SBPJor tem se destacado na área, está assumindo a liderança da entidade? Carlos Franciscato – A chapa foi formada com a intenção de articular maturidade acadêmica e grupos emergentes de pesquisadores. Entendemos que a SBPJor ainda está em uma fase inicial em seu desenvolvimento como sociedade científica, o que significa um volume maior de desafios e de trabalho, e, em conseqüência, uma dedicação maior desta equipe executiva, por isso acreditamos ser saudável para a entidade ter uma diretoria com nomes de pessoas relativamente jovens na comunidade acadêmica. O conselho científico traz, sim, a maturidade científica de nossa área, assim como a pluralidade de pensamentos. Sua função é consultiva e propositiva, o que significa, para nós, um espírito de partilha da gestão da entidade e, em conseqüência, das ações da SBPJor para o crescimento do campo. SN – O programa da chapa Diálogo afirma que um dos desafios da próxima diretoria será a consolidação das redes de pesquisa. Até o momento a SBPJor possui três redes informais (Jornalismo Digital, Telejornalismo e Observatórios de Mídia). Como a direção pretende materializar este objetivo? CF – Nós sempre soubemos que este seria um processo lento e complexo, em virtude dos modos de fazer pesquisa da nossa área, geralmente bastante individuais. As normas que aprovamos definem minimamente o perfil de uma rede de pesquisa filiada a uma entidade científica, mas ainda assim parecem ter sido excessivamente restritivas para este momento inicial. Por isso, pensamos que devem ser rediscutidas, para que possam impulsionar as experiências que já estão em andamento e incentivar a formação de outros grupos. A formalização das redes de pesquisa é um dos projetos mais ambiciosos e mais interessantes da SBPJor, e pretendemos levar esta idéia adiante com uma atuação mais incisiva da Diretoria Científica. SN – Na carta programa uma das prioridades é o aumento do número de associados. A diretoria trabalha com uma meta específica para os próximos dois anos? Haverá algum trabalho específico para aumentar o atual número de associados iniciantes, de apenas 8 filiados? CF – Temos três aspectos nesta questão: primeiro, o número total de associados necessita continuar crescendo. Devemos lembrar que, em 2005, a SBPJor tinha 150 associados, e hoje somos mais de 330, ou seja, dobramos o número de associados em dois anos. Creio que é uma meta sensata buscarmos atingir cerca de 500 associados até 2009. Segundo, devemos traçar estratégias de crescimento por meio de ações diferenciadas conforme as regiões do Brasil. Na região Norte, por exemplo, temos sete associados, número que deve aumentar. Notamos que, nas regiões em que o nosso encontro anual é realizado, há um incremento no número de participantes e associados da entidade. Mas precisamos também diversificar esta estratégia. Em terceiro lugar, devemos estimular uma vocação para o estabelecimento de contatos entre os sócios em seus próprios estados e regiões, para que, em um nível local, sejam criadas parcerias de trabalho. Isto reforça a entidade e amplia sua visibilidade local. SN – Em três anos a BJR atingirá o sexto número, com uma produção regular e ininterrupta, o que representa um marco para a primeira revista totalmente publicada em inglês na área. Como a diretoria pretende viabilizar as propostas relacionadas com a BJR como a mensuração do impacto da publicação entre os pesquisadores da área? CF – Entendemos que uma das tarefas iniciais é avaliar em que medida a BJR está conseguindo alcançar o objetivo central da revista, que é penetrar em ambientes acadêmicos internacionais. Vamos avaliar com os membros da diretoria, por exemplo, as estratégias de disseminação da revista para bibliotecas de grandes universidades norte-americanas e européias, que mecanismos de circulação têm sido adotados e como eles podem ser aperfeiçoados. Ou seja, torná-la acessível ao pesquisador internacional. Este processo de circulação deve ser regular e, na medida do possível, ampliado. Claro que há custos altos com o correio internacional, mas esta fase da circulação é decisiva para a razão de ser da revista. Também é preciso investir na indexação da BJR em bases de dados internacionais. SN – No momento existem mais de 340 cursos de jornalismo e 2500 professores de jornalismo que necessitam cursar mestrados e doutorados em jornalismo. Como a diretoria pretende atuar para viabilizar a criação de novas linhas de pesquisa e cursos de mestrado e doutorado em Jornalismo? CF – A preocupação principal será a defesa de um estatuto disciplinar da área. É saudável que o jornalismo seja objeto de estudos para abordagens variadas, mas é necessário também que estimulemos uma construção metodológica de nossa área científica. Isto exige um esforço de diálogo no sentido mais denso da palavra, uma preocupação da comunidade em consolidar cientificamente a sua área. Este será um dos pontos centrais de nossa motivação na diretoria da SBPJor. Se formarmos um campo científico rigoroso em seus métodos e teorias, o caminho à institucionalização, com a formação de linhas de pesquisa, mestrados e doutorados será bastante facilitado. SN – Até aqui a SBPJor tem se pautado pela atuação em conjunto em temas de interesse comum com o FNPJ e com a FENAJ. Como a nova diretoria vai se relacionar com as duas entidades do campo do jornalismo? CF – Consideramos que as pesquisas em jornalismo devem contribuir para desenvolver e qualificar a atividade jornalística, nas várias dimensões da construção do conhecimento científico. A SBPJor é uma entidade científica em sua essência. Há muitas ações meritórias de luta pela melhoria do ensino e da atividade jornalística, às quais nos somaremos com nossa vocação de desenvolver o conhecimento sobre o jornalismo.[/lang_pt]