Entrevista Especial – Elaide Martins

O livro Ferramentas para Análise de Qualidade no Ciberjornalismo vol. II, é uma coletânea de 22 artigos que descrevem aplicações e amplia discussões em torno de Modelos propostos em seu primeiro volume. Os objetos analisados são variados e incluem sites jornalísticos na web e smartphones, web-reportagens especiais em jornais de grande circulação, rádios na web, blogs e até programas de TV relacionados a seus sites e redes sociais, denotando a larga aplicabilidade encontrada para as ferramentas. Elaborada em conjunto por Elaide Martins e Marcos Palacios, especialistas em jornalismo de multiplataformas, a obra já deixa um gostinho de quero mais.

O Comunica Unisul conversou com Elaide Martins, Mestre em Comunicação Científica e Tecnológica e Doutora em Desenvolvimento Socioambiental, formada em Comunicação Social com habilitação em Jornalismo pela própria Facom (UFPA).

Confira a baixo a entrevista:

 Comunica Unisul – O que tem de interessante no evento para quem não é do ramo?

 Elaide Martins – O jornalismo é uma atividade que produz notícias para a sociedade consumir e essas notícias interferem no cotidiano dos cidadãos. Portanto, essa sociedade precisa conhecer como o jornalismo se institui, como se constroem as notícias, os jogos de interesses e melindres que estão por trás de cada uma delas. Por isso este evento é tão importante até mesmo para quem não é jornalista.

Comunica Unisul –  Porque a escolha de lançar o livro nesse evento?

Elaide Martins – Porque é um evento que atrai professores, estudantes, pesquisadores e profissionais de jornalismo. Portanto, um espaço que reúne o público alvo do livro.

Comunica Unisul –  Qual a relação do evento com o seu livro?

Elaide Martins – O jornalismo em si, que está no cerne de ambos.

Comunica Unisul – O que o seu livro pode agregar ao evento, assim como ao Jornalismo em geral?

Elaide Martins – Organizado pelos pesquisadores Marcos Palacios (UFBA) e Elaide Martins (UFPA), o livro “Ferramentas para análise de qualidade do ciberjornalismo – vol. II” reúne 22 trabalhos desenvolvidos por pesquisadores nacionais e internacionais, que demonstram a aplicabilidade dessas ferramentas já oferecidas no primeiro volume. Fazem uma revisão crítica das ferramentas, testando-as, adaptando-as e/ou demonstrando sua eficácia. E hoje em dia, qual o jornalismo que não está no ciberespaço? Portanto, é um livro de fundamental importância para analisar a qualidade dos cibermeios de notícias, contribuindo para o aprimoramento do produto jornalístico.

Comunica Unisul – Uma vez que o jornalismo tenha passado por várias mudanças, como do rádio pra TV, quais as vantagens e desvantagens do fazer jornalismo na era digital? As limitações de um novo fator que une todos os antigos meios de fazer jornalismo?

Elaide Martins – Penso que assim como outras atividades dinâmicas, o jornalismo está sempre em constante mutação. As apropriações e usos que vem fazendo, ao longo do tempo, de diversos recursos e dispositivos tecnológicos provocam transformações na sua linguagem, formatos, processos produtivos e rotinas de seus profissionais. Dentre as vantagens, podemos destacar a pluralidade de ferramentas de produção e difusão de conteúdo, que possibilitam certos elementos buscados pelo jornalismo, como o imediatismo e o alcance da audiência. Como desvantagem, vejo os profissionais fadados ao acúmulo de trabalho e explorados pela “ditadura” da polivalência, colocando-se em risco até mesmo a ética profissional – e isso é um fator limitante de extrema complexidade que precisa ser analisado mais profundamente.

Comunica Unisul – Essa nova plataforma, com tantos recursos e várias formas de interatividade, é bom ou ruim para o Jornalismo?

 Elaide Martins – Tudo depende da forma como usa e se apropria dos seus recursos.

Comunica Unisul – A Era digital e o imediatismo, não podem transformar o jornalista em algo obsoleto?

Elaide Martins – Antes mesmo da era digital, a preocupação em estar atualizado sempre existiu no jornalismo, é inerente à profissão, tão intimamente ligada às tecnologias. É uma preocupação também muito presente nos cursos de jornalismo. Mas precisamos tomar cuidado, pois essa preocupação demasiada leva ao risco de priorizar a técnica em detrimento de uma formação mais humanística. As técnicas se tornam obsoletas, mas o investimento na formação humanística fica. E isso o jornalista leva não apenas para o mercado, mas para a própria vida.

Comunica Unisul – O atual mercado está́ sabendo se adaptar a essas novas plataformas?

Elaide Martins – Isso é um processo, não tão acelerado como a implantação delas. Tem sido muito recorrente percebermos que muitas redações estão alterando suas estruturas e produtos sem o planejamento e as estratégias necessárias, muito mais preocupadas em sentirem-se inseridas nesse processo do que estarem preparadas para essa nova realidade. É como se adotassem tais plataformas para se sentirem “atualizadas”, mas as pesquisas indicam que a grande maioria dos meios jornalísticos não explora adequadamente os recursos que a internet oferece. Muitas pesquisas apresentadas no nosso livro (Ferramentas para Análise de Qualidade no Ciberjornalismo Vol.II) corroboram a subutilização desses recursos.

Texto: Comunica Unisul

Foto: Guilherme Guerreiro

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