[lang_pt]Diretora Científica da SBPJor, Marcia Benetti fala sobre o processo de seleção de trabalhos para o 5º Encontro Nacional de Pesquisadores em Jornalismo e o grande número de textos inscritos em 2007. Professora da UFRGS e líder do Grupo de Pesquisa Estudos em Jornalismo, Marcia é a atual coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Comunicação e Informação da Faculdade de Biblioteconomia e Comunicação. SBPJor Notícias – O número de trabalhos superou as estimativas? Marcia Benetti – Sim, tivemos neste ano 166 trabalhos inscritos, sem conceder prorrogação de prazo. Em 2006 foram inscritos 159 textos, mas tivemos que prorrogar por duas semanas por problemas no sistema. Manter o prazo e ter mais trabalhos inscritos revela que temos um campo de pesquisadores maduro e com muita produção. Daqui para a frente, a expectativa é que o prazo de inscrição será sempre cumprido, pois o sistema está em perfeitas condições. SN – Como foi feita a seleção dos trabalhos? MB – Adotamos um sistema complexo, mas que sem dúvida é o mais eficiente e o mais equilibrado em termos de avaliação, entre todos os congressos que conheço. Trabalhamos, em 2007, com 66 avaliadores, todos doutores associados à SBPJor. Distribuí os textos por temáticas, de acordo com a disponibilidade e a área de conhecimento dos avaliadores. Todos os trabalhos receberam dois pareceres. Quando houve empate, com um parecer favorável e um desfavorável, o texto foi remetido para um terceiro avaliador. Não houve nenhuma interferência nestes resultados. Os pareceristas foram extremamente comprometidos, cumpriram os prazos e fizeram um trabalho rigoroso. SN – Houve modificação nas regras de seleção deste ano? MB – Não. O formulário de avaliação se manteve, apenas com pequenos ajustes. Deixamos mais explícitas algumas orientações ao avaliador: que deveria recusar trabalhos que não tratassem especificamente de jornalismo, que deveria recusar textos que fossem meras revisões bibliográficas, sem avanço no debate teórico, e que, no caso de recusa, deveria elaborar uma justificativa que auxiliasse o autor a aprimorar sua pesquisa no futuro. Sabemos que a crítica, exercida na avaliação, é um retorno importante para o autor. Embora não seja agradável receber a recusa de um trabalho, bons pareceres podem contribuir para o crescimento geral de nosso campo. SN – Que dados merecem destaque em 2007? MB – Neste ano 73,6% dos autores que submeteram trabalhos eram doutores e mestres, sendo 33,5% doutores e 18,5% doutorandos, o que significa um potencial alto de doutores para muito breve. Um outro dado que merece atenção é que 72% dos autores que enviaram trabalhos em 2007 estão ligados a instituições de cinco estados brasileiros: Rio Grande do Sul, São Paulo, Rio de Janeiro, Bahia e Pernambuco. Isso revela uma concentração da pesquisa que precisa ser avaliada, para que possamos traçar estratégias coletivas de avanço em outros estados. SN – Em dois anos melhorou a qualidade das pesquisas? MB – De modo geral, sim, embora ainda tenhamos muito trabalho a fazer. Pode-se perceber alguns movimentos, especialmente de aglutinação de certos pesquisadores em torno de algumas temáticas, que vêm se construindo nos encontros da SBPJor e criando eixos de pesquisa mais fortalecidos. A preocupação com a discussão metodológica, por exemplo, é visível e demonstra que entramos em outro estágio de amadurecimento do debate sobre a pesquisa em jornalismo. SN – Quais são as maiores fragilidades das pesquisas? MB – São muitas. Existe uma cultura de pesquisa isolada em nossa área, que eu apontaria como a primeira dificuldade a enfrentar. Um dado interessante é que 87% dos trabalhos inscritos para o encontro da SBPJor de 2007 têm autoria individual, e apenas 13% foram produzidos em co-autoria. São raríssimos os textos que resultam de relações interinstitucionais, por exemplo. Evidentemente, não é a co-autoria que irá determinar a qualidade de um trabalho. O que estou dizendo é que a tendência ao isolamento é uma cultura a ser percebida para que possamos avançar na criação de redes de pesquisa formais. Outra dificuldade é, muitas vezes, o baixo conhecimento de bibliografia de ponta, especialmente estrangeira. Também se pode perceber que alguns pesquisadores ainda não sabem utilizar com propriedade as palavras-chave, e mesmo o título de seus trabalhos, que são importantes elementos indexadores em bancos de dados. É impressionante, por exemplo, o número de trabalhos que não traz “jornalismo” entre suas palavras-chave. De qualquer modo, as fragilidades vêm sendo enfrentadas paulatinamente, e aqui fica clara a importância da interlocução proporcionada pelos congressos da SBPJor e da avaliação permanente pelos pares.[/lang_pt]
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