Estresse no trabalho, identidade profissional e transformações na função do apresentador estão entre os temas desta tarde

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“Da esquerda pra direita, Filipe Peixoto, Cristiane Oliveira Reimberg, Anielly Laena Azevedo Dias e Flora Leite Freire Anielly.”

O SBPJor segue movimentando a Unisul, Campus Pedra Branca. Pela manhã houve a mesa temática “Jornalismo hoje: potências, silêncios e censuras” sobre o cenário atual da profissão. À tarde os debates foram distribuídos em salas dos três andares do bloco B. Debates sobre política, pesquisa, os ramos de atuação do jornalista foram os temas das comunicações livres. Em uma das salas, quatro pesquisadores trataram do estresse no trabalho do jornalista, da identidade profissional, da representação do apresentador de telejornal e as transformações na atuação do repórter.

Cristiane Oliveira Reimberg, doutora pela Universidade de São Paulo (USP), apresentou a comunicação “Estresse no trabalho de jornalista”, um resumo de sua tese de doutorado sobre o tema. Na pesquisa, ela entrevistou 21 jornalistas que apresentaram percepções de estresse no exercício do trabalho jornalístico. São profissionais que se privam do sono, têm acúmulo de tarefas, horas extras e um banco de horas que nunca é usufruído. Outros motivos de estresse dão conta das surpresas e pressões das pautas, como no caso de guerras e deadlines cada vez mais curtos.

Flora Leite Freire, mestranda pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), trouxe para o debate seu artigo “Identidade dos jornalistas: um embate ideológico”. Ela discute como a identidade profissional do jornalista dialoga entre a pratica e o pertencimento à uma comunidade interpretativa”. A autora discute ideologia e autores como Traquina e Zelizer, Thompson, Breed e Bourdieu.

Anielly Laena Azevedo Dias, doutoranda pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), apresentou a comunicação A Representação do apresentador no telejornal brasileiro”. Ela debateu conceitos de representação em autores como Goffmann e Thompson e falou de mudanças na apresentação que já foi formal e muito amarrada ao script e passou a uma busca pela interação para prender a atenção do telespectador. Um tom de leveza e certo grau de informalidade têm feito parte da postura dos chamados “âncora”. Em 1977, o Jornal Nacional troca seus apresentadores por jornalistas apresentadores. Alguns destes exercem hoje também o papel de editor-chefe telejornal, como no caso de William Bonner. A pesquisadora falou ainda sobre o apresentador se tornar uma celebridade, utilizando redes sociais para se relacionar com os espectadores, ou fãs. Hoje, pequenos erros como uma gaguejada não chamam mais tanta atenção, segundo Anielly. Ela considera que os apresentadores têm uma certa dramatização no ritual de sentar, levantar, caminhar e alternar a postura. Isso tudo ainda lidando com as performances pré-definidas pela emissora.

Filipe Peixoto, mestre pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), apresentou sua dissertação de mestrado “A passagem pelo tempo: as transformações na atuação do repórter no telejornalismo”. Ele refletiu sobre o que, no jornalismo de TV se chama de “passagem”, e analisou mais de uma centena dessas produções. Com um levantamento de passagens consideradas históricas, da década de 1970 e 1980, e contemporâneas, do Jornal Nacional de 2015, o autor relata que, para o repórter de TV, a passagem é como uma assinatura audiovisual. O repórter se coloca como narrador deste trabalho. Na pesquisa, Filipe também apresentou as mudanças de enquadramento, do comportamento do repórter, os gráficos utilizados e de como a tecnologia modificou essa linguagem. Um dos exemplos é a utilização do microfone sem fio. Alguns métodos antigos no trabalho do repórter de TV seguem sendo utilizados, mas perdem cada vez mais espaço. Filipe ainda comenta sobre inovar no jornalismo de TV. “Parece que é simplesmente mostrar as pernas do âncora. O dia em que estar bem vestido for mais importante que estar bem informado, aí estamos perdidos”, concluiu.

Texto: Leonardo Santos

Fotos: Danilo Garcia