Na mesa coordenada de Narrativas Imagéticas, da Rede de Pesquisa Narrativas Midiáticas Contemporâneas (Renami), o tema foi o fotojornalismo. A cobertura da tragédia do rompimento da barragem em Mariana, a construção do processo de impeachment através da leitura da imprensa e os diversos olhares sobre as favelas do Rio de Janeiro foram os trabalhos apresentados na comunicação.
A doutora Maria Alice Lima Baroni (PUC – RJ) falou de como a favela é retratada nas visões de fotojornalistas e dos fotógrafos populares. Maria Alice mostrou o trabalho e sua análise da produção de moradores do complexo da Maré, que tiveram aulas com os fotógrafos Ricardo Funari e JR Ripper, com seu olhar de dentro da comunidade. Uma das impressões desse trabalho é busca dos moradores por desconstruir a ideia de favela como um espaço de violência.
A pesquisadora afirma que desde a morte do repórter investigativo Tim Lopes criou-se uma tensão na relação entre cidade e favela, em especial a respeito da presença do tráfico em comunidades do Rio de Janeiro. Segundo ela, embora a presença da imprensa hegemônica muitas vezes coíba os abusos policiais realizados dentro da favela, frequentemente tais locais são retratados apenas mostrando o caráter “performático” do crime. A instalação das Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs), a atuação das milícias e as disputas entre os traficantes também foram temas debatidos com o grande grupo. ‘
Os pesquisadores André Luís Carvalho e Karina Gomes Barbosa, da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP), contam a história do rompimento da barragem da Samarco através das capas do jornal O Estado de Minas, que cobriu os 30 dias após a tragédia e criou o imaginário visual do tema. O principal personagem deste episódio acaba sendo a lama – deixando de lado os sujeitos, suas dores e silenciando as pessoas atingidas.
Sobre a narrativa midiática da construção do impeachment de Dilma Rousseff, Leylianne Alves Vieira, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), apresentou a análise de capas de revistas e jornais brasileiros que produziram discursos agressivos contra a ex-presidenta, utilizando-se muitas vezes imagens descontextualizadas.
Texto: Beatriz da Rocha
Foto: Douglas Heinzen